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O destino quis me ver raiz dessa flor de Liz

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Eu já tinha me acostumado com a rotina imprevisível.

As viagens constantes eram animadas e barulhentas em alguns dias, e em outros, silenciosas e cansativas. Os dias de calmaria e de preguiça geralmente eram os dias frios e chuvosos. Os meus dias favoritos eram ensolarados, esses eram sempre os mais agitados.

Ainda que os dias fossem diferentes e os lugares nunca fossem os mesmos, um ciclo se repetia: festas; fogueiras; rodas de violão; pele ardida do sol e do sal do mar; afogamentos e manobras bem sucedidas em cima da prancha. Tudo semelhante mas sempre ocorrendo de um jeito diferente.

Eu gostava de prestar atenção nesses detalhes. Era divertido perceber esse padrão na forma como as coisas aconteciam ao meu redor. Sentia um conforto nisso, uma sensação de que havia certa ordem no meio da anarquia em que estava vivendo.

Eis que o inesperado aconteceu e os detalhes dos dias agora passavam despercebidos, eu não conseguia mais me concentrar em observar o padrão. Tive meus pensamentos roubados de mim. Me tornei incapaz de diferenciar os dias, os lugares, esquecia qual era o próximo destino.

Minha mente passou a ter um único pensamento constante. Eu não tinha mais interesse em outras coisas, todo o resto era entediante. A rotina maluca ficou caótica de vez. Passei a desejar permanecer mais tempo em determinadas cidades, comecei a atrasar ou perder minhas viagens e até a desviar da minha rota.

O motivo dessa confusão possui nome de flor, tem carinha de anjo e um par de olhos encantadores. Ela transformou a textura do meu universo, alterou a química do meu cérebro, mudou a forma como eu estava enxergando o mundo.

Consigo ver isso agora, na forma como a luz se projeta e se ajusta perfeitamente ao redor dela, fazendo tudo brilhar diferente sempre que a vejo sorrir.

Ainda é cedo para pensar no futuro, a única certeza que tenho é que desejo ficar perto dela, quero ser raiz dessa flor como nunca quis qualquer outra coisa nessa vida.

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