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#35 rascunhos do anakin — o preço da fama;

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Nunca pensei que ser filho de um roqueiro famoso que explodiu no Big Bang e alcançou o top-40 das rádios poderia me afetar de tal modo tão.. intenso. Viajar sempre foi parte da minha rotina, desde que nasci. Isso se deve ao fato de ser filho de um ex-casal de roqueiros raiz — daqueles que destroem os hotéis após o show e aparecem nos noticiários de fofoca por sair com groupies — todavia, nunca fiz parte deste universo em cima do palco. Apenas estive presente nos bastidores por obrigatoriedade familiar já que era muito novo para cuidar de mim mesmo.

Desde que iniciei os meus estudos na EBAM, permaneço temporadas longas no Rio de Janeiro enquanto os meus pais seguem suas vidas em suas respectivas carreiras — e eu os apoio infinitamente. Bem, eu não sei exatamente quando passei a me tornar fruto de interesse dos paparazzis. Uma nova manchete? Um novo escândalo? Agora estão apelando para os laços familiares dos artistas? Esse universo é, especificamente, muito novo para mim e, particularmente, não tenho gostado muito dessa parte de uma fama que sequer me diz respeito.

Esconder-me de flashes é perturbador. Precisar sair na rua de moletom com capuz escondendo a face como se estivesse devendo algo — ou não pudesse ser visto — é ainda mais bizarro. Soa como uma forma de intimidação, um corte de um direito básico de ir e vir. Como esses paparazzis acham que a nossa cabeça fica com tanta informação? Em inserir a gente neste lado da fama por obrigatoriedade?

Pareço, provavelmente, um muleque chato reclamando de barriga cheia. Mas, confesso que compartilhar de tal momento provocou muitas perguntas em mim, além de inúmeras insatisfações sobre o preço da fama — que nem é minha. Começo a repensar sobre minha carreira musical e olhar o lado da história dos meus pais com outros olhos.

E volto-me a questão inicial com eloquência,
Qual o preço da fama, afinal?