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A negociação da permanência

É engraçado como as coisas funcionam. Parece que sempre que eu tento escolher algo novo, o velho tenta negociar sua permanência.

É uma sensação que conheço bem. Estou falando daquelas relações, daquelas situações que eu sei que não deviam mais fazer parte da minha vida. Eu sinto no fundo da alma que não é mais ali o meu lugar, que não tenho mais que conviver com certas coisas. Eu me preparo para ir embora, para mudar.

Mas aí, do nada, aparecem coisas para me fazer ficar presa.

É como se o universo (ou só o meu medo mesmo) ajudasse. Um elogio inesperado, uma promessa de mudança, uma lembrança boa que surge bem na hora H. É uma negociação. O velho me oferecendo migalhas para eu não ter a coragem de buscar o banquete que eu sei que mereço.

E o pior é quando eu cedo. Quando eu fico.

Não adianta. Mesmo que eu fique, a sensação, os sentimentos, a clareza que eu tive... tudo aquilo ainda fica aqui, vívido na minha mente. Pode não aparecer sempre, às vezes fica quieto por um tempo, mas está lá.

Eu posso estar rindo, posso estar vivendo o dia a dia, mas tem aquela vozinha lá no fundo que sabe a verdade. Aquela sensação de que isso aqui, essa situação... não tem mais nada a ver com o que eu quero para a minha vida.

É exaustivo viver assim, como se eu estivesse aqui só de corpo presente, enquanto minha mente já foi embora faz tempo..

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